quarta-feira, 24 de setembro de 2014

DO BERÇO À VIDA: A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

ASSUNTOS: CRIANÇA E ADOLESCENTEPSICÓLOGO RJ | AUTOR: ROSIANE SEIXAS | | POSTADO EM 22.09.2014 | WWW.SENHORATERAPIA.COM.BR | (21) 3244.0945 : 982140089 |
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Ao nascer, somos inseridos em um contexto familiar que já funciona de determinada forma, com seus valores, regras e costumes que contribuirão para a formação de nosso caráter.
É comum que os pais, ansiosos e cheios de expectativas, imaginem e queiram que o novo integrante possua algumas qualidades que admiram e valorizam como uma conduta preferida por aquela família.
De certa forma, as pessoas que o esperam chegar ao mundo criam uma “identidade” para o bebê, na medida em que escolhem o nome, desejam que torça para determinado time de futebol, que siga certa profissão e diversas outras características, mesmo antes do pequeno ser possuir a consciência de si e reconhecer uma autoimagem.
A família tem especial importância na construção de quem somos, pois é no seio familiar que o indivíduo inicia seu desenvolvimento e ao longo de toda a vida experimenta o processo de constituição de si.
A ligação através dos laços consanguíneos e o pertencimento ao grupo familiar de origem acompanha o indivíduo, mesmo quando deixa a casa dos pais, ou mesmo se um dos pais estiver ausente em sua vida. É a partir da relação com os cuidadores, sejam eles seus pais biológicos ou não, que o indivíduo apreende formas de se relacionar no mundo e acaba por construir sua autoimagem a partir destas vivências.
O que eu carrego da minha família?
Esta é uma boa pregunta para se fazer quando se quer entender alguns dos comportamentos, autoconceitos e autoimagens que criamos sobre nós mesmos.
A criança possui uma grande sensibilidade e facilidade para entregar-se às relações, a ponto de perceber sentimentos e sensações dos pais/cuidadores e reagir por meio destas referências. Algumas vezes tornam-se o que os pais esperam dela, para assim se sentirem amadas por eles. Por exemplo, a criança “boazinha” que reprimiu suas emoções de raiva e medo, e quando adulta se tornou uma pessoa que não consegue dar voz as próprias vontades, mostrando-se a mercê das vontades alheias. Ou, a criança vítima de violência doméstica que, quando adulta não consegue estabelecer relacionamentos de confiança com outras pessoas, preferindo o isolamento social e sentindo-se não digna do amor de outrem.
Inúmeros desdobramentos são possíveis a partir das vivências com as pessoas a nossa volta. Não há como fugir das introjeções de crenças e valores, pois elas são necessárias para nos autodefinirmos com uma “identidade” no mundo. Também não é possível modificar fatos do passado. Entretanto, é possível enxergá-los por outras lentes.

Em determinada época da vida agimos de certa maneira que naquele momento foi satisfatória. A criança vítima de violência, naquele momento, aprendeu a amenizar a dor das agressões criando um afastamento emocional, deixando de expressar afeto por seus pais. Foi a forma encontrada para satisfez sua necessidade de proteção. Entretanto, levou esta forma de agir para outros contextos de sua vida sem questionar se ainda lhe serve agir assim.
Neste caso, foi uma boa resposta em um momento anterior, porém o contexto e as necessidades quando adulta se modificaram e a resposta tornou-se desatualizada, pois a solução de afastamento traz o sentimento de tristeza e solidão que a fazem sofrer.
Quando nos propomos ao autoconhecimento na terapia, nos tornamos disponíveis à conscientização e abertos ao questionamento sobre a forma como nos relacionamos com as pessoas e coisas do mundo. Será ainda necessário agir desta forma? O que hoje me faz mal? O que eu ainda preciso carregar? O que posso jogar fora?  Como quero viver de agora em diante?
Estamos durante toda a vida em um processo de transformação. Não somos seres predeterminados e fechados em uma única definição, mas seres abertos às possibilidades, pois possuímos a capacidade da mudança.
O autoconhecimento propõe a consciência e responsabilidade por suas escolhas. Estar consciente da forma como se coloca no mundo é, também, ir ao encontro da transformação, tornando-se responsável por suas escolhas de vida.
 

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