‘OUVIDO BIÔNICO’
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Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, 9,7 milhões de brasileiros declararam ter algum tipo de deficiência auditiva. E em meio a essa legião de pessoas com problemas de audição, cresceu, nos últimos anos, o número de pacientes com deficiência auditiva que têm procurado pelo “ouvido biônico”, ou implante coclear. Com a obrigatoriedade de cobertura pelos planos de saúde, incluindo o SUS, foram realizados 479 implantes em 2009 só na rede pública.
O procedimento cirúrgico consiste na colocação de um aparelho estimulador que capta o som e o transforma em impulsos elétricos, posteriormente decodificados pelo cérebro. Após a interpretação da informação no cérebro, o usuário do implante coclear é capaz de experimentar a sensação de audição.
Após cirurgia de duração relativamente curta, o paciente poderá ter alta no mesmo dia e recuperação total em até cinco semanas, dependendo do caso. A ativação dos eletrodos é feita somente após quatro semanas. A pós-cirurgia deve contar com acompanhamento do otorrino e também de fonoaudiólogo, bem como se recomenda audiometria e mapeamento dos eletrodos.
Desde o 1º implante realizado no Brasil, em 1977, muito se avançou na técnica e na modernização dos aparelhos. Os atuais implantes são considerados de 3ª geração, garantindo segurança para que um deficiente auditivo, já aos 6 meses, possa ser operado.
Em casos de pacientes que não possuam convênios médicos, o custo pode ser altíssimo, já que a cirurgia e o aparelho custam em torno de R$ 200 mil e deve ser importado da Austrália, Áustria ou Estados Unidos.
É importante ressaltar que a indicação de um paciente para cirurgia deve ser avaliada por especialistas, como psicólogos e fonoaudiólogos, além do próprio médico.
SOBRE O IMPLANTE COCLEAR – O implante coclear é uma prótese eletrônica introduzida cirurgicamente na orelha interna, que substitui totalmente o ouvido de pessoas que tem surdez total ou quase total. Também conhecido como “ouvido biônico”, estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral.
O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som.
Atualmente existem no mundo, cerca de 100 mil usuários de implante coclear. Para saber se o individuo pode realizar a cirurgia é necessário o encaminhamento a profissionais da saúde como: médico otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo.
A equipe multidisciplinar é essencial para orientação dos familiares que terão que se adaptar a nova realidade do paciente que voltará ouvir.
Dúvidas mais frequentes sobre o implante coclear
1) Qual paciente pode se beneficiar do implante coclear?
A indicação de implante coclear é bastante trabalhosa e envolve um grande número de critérios. De um modo geral o implante está indicado para pacientes que tem surdez sensorial e bilateral e que não obtiveram resposta satisfatória com o uso de próteses auditivas convencionais. O tempo de surdez também é outro fator importante: quanto mais tempo o paciente fica privado de escutar, mais difícil será sua reabilitação. Para que uma pessoa saiba se ela é ou não candidata é preciso uma avaliação detalhada de um grupo especializado em diagnóstico e tratamento da surdez.
2) É verdade que o implante coclear pode atrair raios?
Não. O implante coclear é uma prótese implantável, feita de titânio ou cerâmica e não atrai raios ou qualquer outra forma de energia.
3) A unidade interna tem baterias?
A unidade interna dos implantes cocleares atuais funciona por meio do uso de rádio frequência para abastecimeto de energia. A mesma rádio frequência que é usada para transmitir informações para a unidade interna, é usada para o funcionamento da mesma.
4) Como é o som que um paciente implantado escuta?
A qualidade ou tipo de som que um paciente implantado escuta depende de vários fatores: o tempo de privação auditiva, a causa da surdez, a estratégia de estimulação usada, o número de eletrodos implantados. Desta maneira fica difícil dizer como é a sensação sonora de um paciente implantado. Cada um terá uma experiência individual. O objetivo final é dar um apoio a comunicação do paciente surdo.