sexta-feira, 2 de março de 2012

Estado de Amor

Enfim, nessa nova era, surgem perspctivas mais saudáveis de amar e poder estar com o outro sem termos que vestir as fantasias surradas de "chinelo velho" ou "pé cansado".

Que bom que as pessoas possam se ver inteiras, COM o outro e jamais PARA o outro. Eu não acredito em amores de posse, mas de parceria. Acredito que amor é andar junto, até mesmo de mãos dadas, mas cada um caminha pela sua estrada e olha pro seu horizonte, mesmo estando os dois na mesma direção. Acho que relação é complementação e não troca. Um não precisa dar o que é seu para o outro (senão fica sem), mas complementar o do outro.

O amor não aceita algemas. Não quero ter alguém amargo do meu lado, pois jamais o amarei assim. Quero alguém que esteja em paz consigo mesmo, que me faça rir das minhas chatices, que me faça perceber minhas dificuldades com delicadeza... e para isso não posso limitá-lo, seja em atos, pensamentos ou sentimentos.
"Para ser grande, sê inteiro,
Nada seu exagera ou exclui....."

Minha felicidade não depende de ninguém, mas a minha troca afetiva, sim. E a afetividade está no caminho que eu - e o outro - acordamos para a felicidade. Nós temos a escolha, a cada dia, de sermos felizes (ou não). Depende de cada um de nós, pois sempre haverá OUTRO dia para recomeçarmos... A vida é isso, é poder fazer novas escolhas a cada dia. Olhar para aquela pessoa ao seu lado (mesmo que já esteja lá há uma, duas, três décadas) e ESCOLHER: "É você que eu quero ao meu lado" é sempre um ato novo. Todo recomeço é delicioso, pois é novo.

Amar requer maturidade. Não se ama pelos olhos verdes azeitona (!), ou pelo cheiro quente... ama-se pelo olhar silencioso, do outro lado da sala, quando seu mundo parece que vai cair... ama-se pelo ar, respirado junto, quando costura-se a testa do filho, ama-se pela falta de ar, quando se faz contas para chegar o fim do mês- mas não culpa o outro pelo gasto indevido, pois entende o prazer dele naquele gasto- ama-se por saber só, sem estar só... por ter sua individualidade respeitada, ama-se pelo beijo de boa noite, ama-se pelo cobertor dividido, ama-se pelos risos, pelos cantos, pelas lágrimas... Ama-se por algo que não está no mundo das coisa palpáveis. Ama-se por saber-se alguém a quem amar.... e ver no outro essa mesma liberdade e poética.

Que possamos todos recomeçar sempre!!!!

Karenina Azevedo

Julho 2004

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