terça-feira, 4 de novembro de 2014

A importância das emoções

Quão importante é conhecer as próprias emoções?

Há tempos, teorias psicológicas vêm sendo desenvolvidas para se compreender o processo das emoções no organismo. “Não choramos porque ficamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos” é o que postula uma delas, criada por Willian James e Carl Lange, no fim do século XIX (teoria James-Lange). Não parece estranho? Pois é. Essa e outras teorias, como a de que “nossas emoções guiam-se pelo conteúdo de nossos pensamentos”, fazem parte do estudo das emoções, ignorado durante muitos anos, por filósofos e pesquisadores, que consideravam as emoções “animalescas” (mente&cérebro, 2013).
Fato é que experimentamos, ao longo do dia, inúmeras emoções, que vão e vem sem nos darmos conta disso. Você se empolga com o dia límpido e logo se irrita ao lembrar da quantidade de tarefas que te aguarda no trabalho. Alegra-se ao lembrar do churrasco que vai acontecer no fim da tarde, mas o trânsito logo te estressa novamente. Esse é só um exemplo da quantidade de emoções que experimentamos a todo momento. Mas, em que isso interfere? É importante nos atentarmos para isso, conhecer nossas emoções para aprendermos a lidar melhor com as demandas cotidianas?
O conhecimento das emoções é valioso.
O conhecimento das emoções é valioso.
Segundo reportagem da revista mente&cérebro, “o autoconhecimento e a atribuição de sentidos ao que vivemos influem diretamente sobre a forma como nos apropriamos das experiências”. Nesse contexto, as teorias cognitivas das emoções baseiam-se na lógica dos pensamentos para explicar as emoções. O efeito placebo, por exemplo, constitui uma atribuição de sentido à determinada situação, e pode interferir tanto positivamente quanto negativamente. Se eu acreditar que um determinado remédio vai melhorar a minha dor, por exemplo, mesmo que ele não tenha essa função ou seja falso, irei vivenciar emoções positivas, interferindo de maneira significativa no processo de melhora.

As emoções nem sempre vêm dos pensamentos

Contrário às teorias cognitivas, o neurobiólogo Joseph Ledoux mostrou que nem sempre as emoções vêm dos pensamentos: um teste em animais provou que os estímulos do medo, por exemplo, eram processados de forma extremamente rápida, no córtex cerebral. Atualmente, no entanto, pesquisas têm mostrado que as emoções constituem um “complexo modelo processual”, conforme explica o psicólogo Klaus Scherer. Tal modelo inclui uma série de características como: alterações fisiológicas, mímica corporal, pensamentos associados a uma determinada experiência, dentre outras. Além disso, a psicologia evolutiva divide as emoções em níveis: pré-emoção (bem-estar e desconforto); emoções básicas (felicidade, medo, raiva, tristeza), emoções cognitivas primárias (contentamento, irritação, decepção etc) e secundárias (ciúme, inveja, luto etc), as quais variam de acordo com a aproximação e o contato com o objeto alvo da emoção. Por exemplo, o desconforto ainda é genérico, enquanto que o ciúme depende das experiências pessoais e da base cultural do indivíduo.

A circuitaria emocional

E no cérebro, como é o circuito das emoções? Experiências realizadas em macacas, no ano de 1935, por Fulton e Jacobsen, demonstraram que as áreas pré-frontais removidas desses animais comprometeram de forma significativa as manifestações emocionais. De acordo com mente&cérebro, esse processo envolve diversas estruturas. O Sistema Nervoso Central desperta, regula e integra todas as respostas emocionais. Nesse contexto, o córtex cerebral é o que identifica e avalia as tomadas de decisões, enquanto que a formação reticular (grupo de células neurais do tronco encefálico) alerta-o para as informações de cunho sensorial. Além disso, tem-se o sistema límbico, que recebe as informações sensoriais; estas alcançam o hipotálamo, responsável pela ativação do sistema nervoso autônomo em situações de raiva, atração sexual, medo etc.
Interessante também é o que os neurobiólogos Hanna e Antônio Damásio demonstraram: a decisão humana, somada ao planejamento a longo prazo e a concretização, são ações ligadas ao sistema de avaliação emocional. Ou seja, pessoas com problema neurológicos de cunho emocional podem fazer escolhas equivocadas. Outros estudos sugerem que a ínsula (estrutura do sistema límbico, lobo mais “profundo”, “escondido” do cérebro) transforma algumas experiências sensoriais em emoções, como nojo, desejo, orgulho, dentre outras, além de preparar o organismo para situações futuras.

As emoções são básicas e indispensáveis

Acima de todos os estudos que permitem examinar o cérebro, o fato é que as emoções são básicas e indispensáveis, pois “possibilitam avaliarmos os estímulos do ambiente de maneira extremamente rápida; preparar-nos e motivar-nos para as ações; são formas de expressão típicas que indicam aos outros as próprias intenções e ajudam no controle das relações sociais” (mente&cérebro, 2013). As emoções favorecem a convivência, a interação e a ação e dizem muito do que somos e pensamos. Conhecer o que você sente e como seu organismo reage é fundamental para aprender a conviver melhor com esse turbilhão de emoções que nos invadem a todo momento.
Fontes: (1) Biblioteca mente&cérebro: o desafio das emoções, (2) goo.gl/8fTVqY, (3) goo.gl/YGJECF, (4) goo.gl/6OsGh4 e (5) goo.gl/go9sqx (imagem)

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