segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Aprendizagem x Desenvolvimento
*Dislexia
- Sistemas Cerebrais envolvidos na habilidade de Leitura
A Dislexia do Desenvolvimento (dis - distúrbio/ lexia - leitura em latim e linguagem em grego) é considerada um distúrbio específico da leitura.Ela é definida, de acordo com a Associação Internacional de Dislexia (1994) como um distúrbio específico de linguagem, de origem constitucional, caracterizado por dificuldades em decodificar palavras isoladas, geralmente refletindo habilidades de processamento fonológico deficientes.
Essas dificuldades são freqüentemente inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas e acadêmicas e não são resultantes de um distúrbio geral do desenvolvimento ou de problemas sensoriais.
Há várias classificações da dislexia, no entanto, Boder (1973), costuma dividi-la em três subtipos:
a) Dislexia Disfonética ou Fonológica - dificuldades na linguagem oral de palavras pouco familiares e dificuldades na conversão grafema/fonema. Relacionada ao comprometimento principalmente do lobo temporal;
b) Dislexia Diseidética - problemas de ordem (processamento) visual e relacionada ao comprometimento do lobo occipital;
c) Dislexia Mista - dificuldades tanto de ordem auditiva quanto visual e envolve regiões do lobo pré-frontal, frontal, occipital e temporal.
A tendência atual das causas da dislexia envolve a relação entre condições biológicas (genéticas e neurológicas) e ambientais, e cognitivamente há um déficit no processamento fonológico da informação. É importante ressaltar que os aspectos ambientais (familiares e escolares) têm forte relação com o desempenho desta criança na fase do desenvolvimento escolar, ou seja, a dificuldade ou não pode ser influenciada por uma falha na alfabetização ou problemas sócioculturais, não caracterizando necessariamente a dislexia.
Dentre os aspectos neurológicos envolvidos, estudos têm demonstrado alguns padrões de alteração cerebral, dentre eles na região perissilviana do hemisfério esquerdo e na assimetria do plano temporal esquerdo (na área de Wernicke - relacionada ao processamento fonológico, compreensão da fala e da escrita) (Capovilla, 2002).
Pesquisas utilizando neuroimagem funcional (PET, SPECT, RMf), demonstram diferentes padrões de atividade cerebral durante a leitura de crianças disléxicas, nas regiões responsáveis pelo processamento fonológico da informação, principalmente na região do lobo temporal, como podemos observar em pesquisas nacionais e internacionais (Lozano et al, 2003; Ciasca, 2005).Segundo a pesquisa realizada por Salgado, Lima e Ciasca (2008), as principais características observadas na Dislexia são: alterações na velocidade de nomeação de material verbal e memória fonológica de trabalho, dificuldades em provas de consciência fonológica (rima, segmentação e transposição fonêmicas), nível de leitura abaixo do esperado para idade e nível de escolaridade, escrita com trocas fonológicas e ortográficas, bom desempenho em raciocínio aritmético, nível intelectual na média ou acima da média, déficits neuropsicológicos em funções perceptuais, memória, atenção sustentada visual (problemas na seleção e recrutamento de recursos cognitivos necessários para o processamento da informação visual) e funções executivas (planejamento, memória operacional, capacidade de mudança de estratégias cognitivas, auto percepção de erros).
A presença de tais dificuldades no contexto escolar pode levar a criança a apresentar problemas emocionais, tais como depressão e ansiedade. Crianças com distúrbios de aprendizagem podem ter alto risco para o desenvolvimento de transtornos psicológicos, uma vez que tendem a ter um baixo autoconceito, comparam mais o seu desempenho com o de seus colegas, perdem a motivação para os estudos, apresentam incerteza com relação ao seu futuro.
Outros fatores como incompreensão e inadequação dos métodos pedagógicos às dificuldades da criança, baixo suporte social e principalmente familiar, também podem constituir fatores de risco para as comorbidades emocionais e comportamentais.
*Estudos indicam que pessoas com dislexia podem apresentar o lado direito do cérebro maior. Desta forma, indivíduos disléxicos podem ter suas habilidades que envolvam criatividade mais apuradas, em comparação à pessoas sem este diagnóstico, o que explica a ocorrência de casos entre famosos como Charles Darwin, Leonardo Da Vinci, Tom Cruise e Walt Disney. (Autor: Por Ricardo Franco de Lima - Cíntia Alves Salgado - Sylvia Maria Ciasca - Blog Ciência&Vida)

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