segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


Maternar

Dilemas maternos e a vida além das fraldas

PerfilFabiana Futema, mãe de Kazuo, e Giovanna Balogh, mãe de Bento e Vicente
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Por que os pais esquecem seus filhos nos carros?

POR GIOVANNA BALOGH
18/12/14  10:46
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Choca e assusta ver mais e mais notícias de crianças que morreram asfixiadas após passarem horas esquecidas dentro de carros. E o pior: deixadas nos veículos pelos próprios pais. Na quarta-feira (17), duas crianças morreram em São Paulo e Minas Gerais. Mas, por que esses casos têm sido cada vez mais comuns?
A  psicopedagoga Elizabeth Monteiro diz que não dá para julgar esses pais, mas que as mortes dessas e de tantas outras crianças são um reflexo da sociedade em que vivemos. “Vivemos programados. Até a maternidade e a paternidade torna-se algo mecânico”, diz.
Elizabeth comenta que os pais dão comida, banho, trocam os filhos sempre pensando em outras coisas. “Sempre é come logo, levanta logo. Fazem tudo isso com a cabeça cheia e com o celular ou o tablet na mão”, diz.
Segundo a psicopedagoga, a vida moderna exige isso, ou seja, não há possibilidade de sair da rotina. A maioria dos casos de esquecimento de filhos no carro acontece após um dos cuidadores mudar a rotina. No caso de Minas Gerais, por exemplo, o pai normalmente era quem  levava a filha para a escola, mas na quarta-feira foi a mãe.
“A vida moderna exige isso. Não há possibilidade de sair da rotina, mas as pessoas precisam parar e pensar mais na família do que viver correndo dessa forma. Não dá para querer fazer um minuto mais do que 60 segundos. Alguém vai pagar a conta por isso e normalmente é a criança”, relata.
Ela comenta que as crianças são esquecidas na cadeirinha porque adormecem ou ficam quietas entretidas com brinquedos ou tablet, por exemplo. “Isso acaba com a vida de uma família”, diz.
A psicopedagoga diz que nota em seu consultório que as pessoas simplesmente assumem mais compromissos do que podem. “Simplesmente colocam o filho no carro como se fosse uma mala. Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo e filho precisa ser em primeiro lugar. O que vemos é que os filhos, o amor, estão em último lugar”, comenta.
Elizabeth ressalta que o trabalho e a tecnologia escravizam a sociedade e que precisamos parar um pouco, ou seja, quando vai dar banho no filho, por exemplo, precisa focar apenas naquilo, brincar, conversar com a criança. Ou seja, os pais precisam “desconectar para conectar com seus filhos e sua família”.

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