segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Recebi de Ana Cristina Teixeira Prado

Socializando...


Carta de quem pensa sente e aje
para os tuteladores

Prezados (as) senhores (as) detentores dos meios de comunicação,
particularmente à frente da maior rede de informação do país, a Rede
Globo de Televisão.

Nós, cidadãos cegos e de baixa visão, habitantes desta nação em
construção, em busca permanente por um lugar em nossa sociedade, como
seres, individual e coletivamente úteis no contexto social, político,
econômico e cultural, queremos contribuir decisivamente para que essa tão
falada inclusão aconteça, na teoria e na prática. Essa inclusão somente
acontecerá quando houver uma interação virtuosa entre a sociedade que
pode influenciar nesse processo e aqueles que igualmente podem interferir
nele. E estamos aqui agora com esse objetivo.
De que forma? Sendo a Rede Globo uma das maiores empresas de comunicação
na América Latina, particularmente na área de novelas, que alcançam com
seu peso, todas as unidades da federação, resultando daí uma influência
sócio comportamental determinante, gostaríamos de chamar a atenção para
o fato de que as novelas que têm abordado o cotidiano das pessoas cegas,
América, Caras e Bocas (esta com o agravante de ter sido interpretada
por uma atriz igualmente cega), e a mais recente, Amor à Vida, têm invariavelmente trazido
prejuizos para a nossa imagem social, considerando a figura caricata
depreciante na trajetória do enredo dos personagens cegos, de um modo
geral, abobalhados ou geniozinhos, os dois extremos igualmente
negativos, em se tratando de que há uma forte tendência da sociedade em
generalizar e formar exteriótipos definitivos a nosso respeito, difíceis
de remover, mesmo com todo o elenco de informações.
Em face desse quadro de estigmas a reverterem nosso favor, julgamos
oportuno esclarecer:
1. Como formadora de opinião, a Televisão deve ter o cuidado e a
responsabilidade de consultar-nos os diretamente interessados e não apenas
aqueles que costumeiramente falam por nós, sob pena de se cometerem
em cenas do cotidiano, equívocos imperdoáveis à nossa imagem.

2. As redes de televisão são em nosso país, uma concessão que deve ser
explorada e tratada com sensibilidade e compromisso de quem cuida de um
bem público. e fazendo justiça, os senhores também sabem trabalhar os
temas sociais e culturais nas novelas com competência. Então não há
razão para ser diferente quando se tratar do tema das ddeficiências.
Houve um texto do Manoel Carlos, me parece ém Páginas da Vida, que tratou
uma personagem com Síndrome de Down, tema bem complexo, de nome Clara,
com bastante simplicidade, abordando na oportunidade a questão da escola
regular e da escola especial, sem qualquer preconceito aparent.
Seguindo esse exemplo, esse relevante meio de comunicação tem muito a contribuir,
no sentido de discutir esses temas, como o da deficiência, de forma a
mudar os paradigmas que levem a romper as barreiras atitudinais que
tanto entravam a nossa emancipação.
Na expectativa de um diálogo permanente com essa empresa de comunicação

Assinam todos os cidadãos, consumidores e contribuintes cegos e cegas,
apoiados (as) por suas entidades locais e nacionais comprometidas com o fim de nossa
tutela.


Saudações libertárias, combativas e democráticas.


"Nem tudo aquilo que é enfrentado, pode ser mudado, mas nada pode ser
mudado, se não for enfrentado". James A. Baldwin

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